Enfim chegaste!!
Voltando do teu mundo, montado no teu cavalo de raça, envergando uma armadura de aço. Surgiste, desta vez inundado por um nevoeiro anunciado, como uma sombra. Sombra envolta em mistério, se negro se dourado, se por guerra se por paz, ninguém podia saber.
E, olhando essa sombra que se aproximava e que eu sabia intocável, expectante fiquei, sem saber se ir, se ficar, se correr para alcançar, se fugir e não voltar.
As sombras tornam-se luz à medida que o dia aclara, mas a tua armadura era de um aço tão brilhante que não se podia contemplar. Assim, descobri da maneira mais sofrida que os teus olhos jamais eu podia olhar; que os teus olhos estavam vedados para os meus; que a luz que te envolvia era ofuscante demais.
Em vez de me sentir desamparada e tristemente só, refugiei-me no meu mundo, no meu sentir e fiquei presa, não na beleza da tua armadura reluzente, mas na luz do teu olhar de outrora, onde uma vez consegui entrar e viver.
E, apesar de só te poder ter, do alto do teu pedestal, não saí do teu lado, tentando ver mais além, desse cavalo puro que montavas e dessa armadura onde te encerravas.
E como nos teus olhos não podia olhar... olhei o teu corpo, onde tantas vezes me quis perder e que apenas um dia toquei de leve.
Como nos teus olhos não podia olhar... senti o teu cheiro que me fez estremecer, reviver a proximidade já vivida e sentir o calor do teu corpo ausente, mas presente em mim.
Como nos teus olhos não podia olhar... senti o teu sentir e fiquei feliz.
Como nos teus olhos não podia olhar... olhei as tuas mãos tocando nos objectos que ficavam entre nós e aos teus gestos banais, atribuí intenções nossas.
E, olhando essa sombra que se aproximava e que eu sabia intocável, expectante fiquei, sem saber se ir, se ficar, se correr para alcançar, se fugir e não voltar.
As sombras tornam-se luz à medida que o dia aclara, mas a tua armadura era de um aço tão brilhante que não se podia contemplar. Assim, descobri da maneira mais sofrida que os teus olhos jamais eu podia olhar; que os teus olhos estavam vedados para os meus; que a luz que te envolvia era ofuscante demais.
Em vez de me sentir desamparada e tristemente só, refugiei-me no meu mundo, no meu sentir e fiquei presa, não na beleza da tua armadura reluzente, mas na luz do teu olhar de outrora, onde uma vez consegui entrar e viver.
E, apesar de só te poder ter, do alto do teu pedestal, não saí do teu lado, tentando ver mais além, desse cavalo puro que montavas e dessa armadura onde te encerravas.
E como nos teus olhos não podia olhar... olhei o teu corpo, onde tantas vezes me quis perder e que apenas um dia toquei de leve.
Como nos teus olhos não podia olhar... senti o teu cheiro que me fez estremecer, reviver a proximidade já vivida e sentir o calor do teu corpo ausente, mas presente em mim.
Como nos teus olhos não podia olhar... senti o teu sentir e fiquei feliz.
Como nos teus olhos não podia olhar... olhei as tuas mãos tocando nos objectos que ficavam entre nós e aos teus gestos banais, atribuí intenções nossas.
Olhei as tuas mãos e elas fizeram-me reviver emoções passadas. Mãos quentes, mãos amigas, mãos que contiveram as minhas e que se fundiram como de uma só se tratasse.
Olhar as tuas mãos, fez minha ansiedade em ter-te acalmar, porque as senti em mim.
Nas tuas mãos eu vi o que não pude ver nos teus olhos, porque não os podia olhar.
Se do nevoeiro chegaste, na noite cerrada partiste, de novo envolto em mistério, de novo encerrado em ti e nessa tua armadura reluzente, ansiando entrar num mundo de sonho, fantasia e ilusão, esquecendo que um cavaleiro também tem por missão lutar.
Nesse momento acordei, não sei se para o presente se para o futuro, despertada não por uma “silhouette” nem por uma “feiticeira”, olhei o livro caído no chão que não falava de pontes, levantei-me e mergulhei nas minhas rotinas, das quais tu nunca tinhas feito parte, coloquei um perfume que não era o nosso, entrei no carro onde tu não tinhas estado, coloquei uma balada que tu nunca tinhas ouvido.
Comecei mais um dia desta vida habitual, com um sorriso montado, treinado e aprendido, porque os outros não têm culpa dos meus sonhos ou pesadelos.
À noite cheguei a casa, e depressa me deitei tentando continuar a história desse meu cavaleiro, desejando ansiosamente que da próxima vez que ele chegasse, fosse num dia de sol, sem cavalo, sem armadura e com vontade de ficar.