domingo, 24 de junho de 2007

O Bruno...

Hoje acordei a pensar no Bruno!
Lembrei-me da carita dele, da voz, do jeito miudinho.
Senti-me intranquila, impotente e triste.
Acompanhei-o durante 3 anos.
O pai morreu quando ele tinha 1 ano, a mãe abandonou-o e esteve entregue a colégios internos a maior parte da vida.
Tinha duas pessoas na vida, uma madrinha missionária que o amava e um avô alcoólico que o maltratava.
Estava finalmente a encontrar o seu rumo aos 19 anos de idade e morre estupidamente num acidente de automóvel.
Vejo-o à minha frente, com os seus sonhos e temores, a maior parte das vezes com um olhar assustado.
Que sentido teve a vida dele... nasceu para quê?
Faz
-me pensar no sentido da vida e na nossa necessidade de lhe dar um sentido.
Construímos, semeamos para colher, batalhamos...
De repente aparecem os momentos inesperados que nos atordoam e nos impedem de continuar a sonhar.
Fiquei a pensar nas PERDAS e em tudo o que elas implicam, nomeadamente CRESCIMENTO.
Sinto-me "desempregada" afectivamente.

4 comentários:

Anónimo disse...

É muito interessante, o conceito de 'desempregada afectivamente'
mas
não me parece que seja o desfecho do sentido da sua dúvida. O sentido da reflexão leva-nos à consciência do valor artificial da vida, em si mesma uma abstracção destinada a gerar um condicionamento permanente; e medo!

Razão pela qual o suicídio é banido e intimidatório.
Razão pela qual temos medo da morte, uma inexistência.
Razão pela qual não aceitamos a impossibilidade de nos entendermos enquanto sistema, no conceito e nos objectivos e fins.
Razão porque inventámos 'deus' e outras metáforas ontológicas.

Etc!
que gosto de si (como sabe...)

Teka disse...

Que bom lê-lo de novo!

o Ser enquanto Ser, necessita do sentido da existência.

Por isso nos baralhamos de vez em quando, nos questionamos e temos medo... muito medo de não encontrar mais nada.

Quando estamos "desempregados" afectivamente resta muito pouco e torna ainda mais perpétuo o valor artificial da vida.
E aí lembramo-nos dos Brunos que se cruzaram no nosso caminho.

Este é um tema inesgotável.
Mas...
Também gosto de si (como também sabe...)

Anónimo disse...

Curiosamente...
Quando estamos "desempregados" afectivamente lembramo-nos mais dos espinhos... do que das flores!

Anónimo disse...

...fiquei a pensar neste último comentário, de verdade, talvez por concordar com o que ele encerra nas suas breves palavras.!
Acho que voltarei...