sábado, 28 de julho de 2007

O Café Aroeira... V

ELE
- Aqui há uma certa dificuldade em distinguir o sonho da realidade - afirmo para o empregado do café Rick´s Aroeira Café
- É um problema comum a muitos dos meus Clientes. Haverá interesse em os distinguir? E porque esta questão agora neste momento?
- Será que dancei mesmo? o Chico esteve aqui a cantar? haverá uma orquestra? e o Café, é fruto da imaginação?
- Saboreie, saboreie a vida. Onde é que eu terei lido isto?
- Provavelmente num pacote de açúcar, DELTA, claro!
- Regressando à sua questão, caro cliente, porquê preocupado em separar a realidade do imaginário?
- Estive atento a um novo cliente deste café, que se meteu comigo.
- É um dos lemas deste Café. A criatividade ao poder e liberdade com responsabilidade - outra frase feita. Esta não devo ter lido num pacote de açúcar...
- Estava a dizer que se tinham metido comigo. E como respondo às provocações... não deixo de continuara a falar entre o real e virtual. Ele afirmou que eu me refugio no virtual e que fujo da realidade. (disse "não fugas, mas penso que provavelmente quereria dizer: "não fujas"...)
- E então?
- Reconheço que ele deve ter alguma razão, mas tenho que me defender.
- Defender de quê? e porquê? Será que ele afirmou algo que não seja verdade?
- A verdade é como os champô´s... "dois em um"...
- Ah, Ah, Ah. Essa é que verdadeiramente não é uma frase com açúcar... e quem será o "amaciador"?
- Essa é uma boa piada. A "criatividade é uma semente que deve ser regada".
- Mas há vários sinais interessantes...a fuga? o virtual, o primeiro beijo, o romance a duas mãos (gostei)... e porque será que refere uma mota?
- Prefere uma mota ou o cavalo do Luky Luke?
- O Luky Luke não tem lá muita piada...no fim das histórias ele fica sempre sozinho com o cavalo... não me seduz lá muito. A mota poderá ser que seja um pouco diferente... cavalo alado com destino às estrelas... Pode ser um bom princípio de uma nova história. Maestro, por favor.
- Chamou-me? - pergunta o maestro aproximando-se da nossa mesa.
- Como foi possível a sua banda, que é de Jazz, ter acompanhado o Chico Buarque?
- Tenho imenso prazer em acompanhar o Chico Buarque tal como o Caetano Veloso.
- De facto "de longe somos todos normais"...
- A nossa orquestra transpira "música por todos os poros". É um prazer tocar neste Café.
- E uma ária de uma ópera? Também se pode tocar aqui?
- Tudo é possível neste Café. Alguma ópera em especial?
- A Flauta Mágica de Mozart.

- Fiquei intrigado – comenta o empregado do Café. Se ele se meteu consigo com a ária “Catálogo” do D. Giovanni porque pediu para tocar a “Flauta Mágica”?
- Não sabe a história desta ópera?. Há uma princesa sequestrada, há um príncipe e um caçador de pássaros que tomam a missão de a libertar. Depois de vários episódios mais ou menos atribulados com flautas e carrilhões mágicos tudo acaba em bem “casaram e foram felizes”. Apetece-me histórias com um fim feliz.
- Não me parece seu. Parece uma história tipo “cor de rosa” – diz o empregado perfeitamente admirado. Afinal não conhecia o seu cliente.
- Conhece a história do D. Giovanni? É uma desgraça. A música é muito bonita, mas “poupem-me”. Estou cansado de sofrer...
- Surpresa total – diz o empregado. Este Café virou consultório de Psicanalista
- Nada disso... Posso pedir-lhe um Gin Tónico?
- Gordon´s?
- Claro, isso nem se pergunta.
Com este pedido momentaneamente ganhei “espaço” para poder respirar.
A história do Champô “dois em um” tinha-me perturbado. Quem será? Diz que não nos conhece... mas não acredito.
“Só brinca quem sabe” – não foi retirado de um pacote de açúcar... mas poderia ter sido.
- Olá, bom dia –Era o carteiro, sempre simpático.
- Ainda bem que o encontro. Tem que me ajudar.
- Onde se vendem Champôs?
- Não posso acreditar. Este é mesmo um espaço aberto onde não há segredos.
- Não, obrigado. Onde fica o Café “Alfredo”? Só conheço um em Linda a Velha, mas parece-me que não deve ser esse.
- Sabe o Código Postal?
- Claro que não, se soubesse era “meio caminho andado”
- Então nada feito... mas vou tentar averiguar.

Quando for grande vou ser
Quero ser um realejo
Ter um pedaço de terra
Fogo que salta ao braseiro
Dormir no fundo da serra
Quero ser um realejo

Carteiro em bicicleta
Leva recados de amor
Vem o sono com a música
Ao som do realejo”
João Afonso

1 comentário:

Anónimo disse...

Hoje está lua cheia, chega de discursos, de imensas e incontidas citações,basta de conversa "fiada",entretenimento não profícuo.

A VIDA é para ser realizada no REAL, ou SIM ou NÃO.

Quando é que chega o correio,de verdade?

A SEDUçãO deve poder mostrar-se como algo de facto, ou então...viveram felizes para sempre, a princesa e o seu príncipe.Só!

Disse.