quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O Café da Aroeira... X

ELE
- Vai sair?
- Sim, Hoje vou ver um filme do Ingmar Bergman.
- Sozinho?
- Tenho aqui uma garrafa Monte de Oiro - Madrigal.
- Regressa?
- Há novas e boas propostas. Um restaurante, uma viagem, um Teatro (belíssima ideia). Farei com que esta proposta chegue à Teka, a responsável por este espaço. Sugerirei que convide várias pessoas (nomeadamente o “desabafo” – o proponente desta ideia) para que não seja uma história escrita somente a duas mãos.
- De que é que mais gosta neste espaço?
- Da subtileza, da inteligência, do jogo, do contraditório, da sedução, da escrita, da poesia, da imaginação, da criatividade, da interactividade, dos participantes mais ou menos "anónimos", dos que gostam e dos que não gostam de poesia.
- Há algo de que não goste?
- Sim. Descobri esta manhã que, sem querer, o lema da Teka que encabeça este blogue: "escrever liberta" é muito semelhante a uma frase terrível utilizada pelos Nazis na 2ª guerra mundial. Sei que foi sem querer... mas quando dei por isso fiquei muito incomodado.
- Qual o filme que vai ver?
- "Mónica e o desejo". Um belo filme.
- Não tem por aí uma poesia, uma palavra?

As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal, um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade)

1 comentário:

Anónimo disse...

"Há palavras que fazem bater mais depressa o coração - todas as palavras - umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. segundo o lado d'onde se ouvem - do lado do sol ou do lado onde não dá Sol.
Cada palavra é um pedaço do universo. Um pedaço que faz falta ao universo. todas as palavras juntas formam o Universo.

As palavras querem estar nos lugares!


Nós não somos do século d'inventar as palavras. as palavras já foram inventadas. Nós somos do século d'inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.


As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um."


«A Invenção do Dia Claro», Almada Negreiros