segunda-feira, 5 de novembro de 2007

I Grupo de encontro...

Pela quinta vez, suspendo a minha vida durante três dias e rumo, este ano a Palmela, com o mesmo frio na barriga de sempre mas com a certeza (de sempre também) de dar mais um passo consistente na minha formação pessoal e profissional.

Para trás deixo, exausta, o dia atulhado de reuniões, telefonemas, jovens que atendi, outros que não consegui atender, conversas interrompidas, e até um mal entendido que me deixa desconfortável. Deixo também a família e os amigos descansados porque já vão estando habituados a estas minhas ausências e certos de que não entrei nem para uma seita, nem para uma religião desconhecida e, que apesar de não entenderem, ainda muito bem, o que "por lá" se passa, sabem que voltarei sempre a "velha" Teka.

São 20h, entro na mesma quinta, onde me iniciei e não posso deixar de recordar aquele Novembro de 2002. Vim aqui também, este ano, para me reconciliar, para encerrar de vez o único capítulo que está entreaberto daqueles tempos, porque muito marcado por este lugar lindíssimo.

Como veterana de Grupos de Encontros venho munida das ferramentas básicas: abertura, responsabilidade, vontade para estar comigo e com os outros, alegria por rever alguns amigos, tampões para os ouvidos, borracha de água quente, agasalhos extras.

Ao fim de 3 dias intensos parto, exausta também, mas com a convicção inabalada de que este caminho que escolhi é o MEU CAMINHO...

Até para o ano!Carl Rogers dedica parte da sua vida profissional a desenvolver e experimentar a mudança de atitudes, comportamentos em grupos intensivos e organizados para o efeito.
Corria a década de 40 do séc. passado e a investigação na área do desenvolvimento e aperfeiçoamento da comunicação e relações interpessoais bebia conceitos desenvolvidos por Kurt Lewin, pela Gestalt e pela Abordagem Centrada na Pessoa.

Rogers refere que com a desumanização das sociedades, em que o outro não tem espaço e a constante luta para vencer o dia a dia e sobreviver a todas as necessidades materiais, frequentemente esquecemos as nossas necessidades psicológicas. Necessidades essas que consistem na urgência da vivência de relações próximas e verdadeiras, bem como a manifestação espontânea de sentimentos e emoções num clima de aceitação incondicional.

Surge o interesse pelas experiências intensas de grupo a que Rogers não é alheio, introduzindo e desenvolvendo de forma sistemática, uma modalidade a que denominou "Grupo de Encontro" com a finalidade de "acentuar o crescimento pessoal e o desenvolvimento, o aperfeiçoamento da comunicação e das relações interpessoais, através de um processo experimental." Carl Rogers (1970).

Todos os Grupos de Encontro têm, em regra, algumas características comuns:

  • Experiência intensa de grupo durante várias horas;
  • O grupo não é estruturado;
  • Existência de um facilitador cujo seu papel é fundamental para o funcionamento construtivo do grupo;
  • É construída uma sensação de comunicação autentica;
  • Facilitação da expressão de sentimentos e pensamentos;
  • O grupo caminha na linha dos objectivos e direcções pessoais;
  • O grupo concentra-se no “processo e na dinâmica das interacções pessoais imediatas” (Rogers, 1970);
  • Um clima de confiança mútua.

Desde 1984 que em Portugal são promovidos "Grupos de Encontro segundo o modelo de Carl Rogers.

Para saber mais:

http://www.appcpc.com/

Rogers, C. (1970). Grupos de Encontro. 8ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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