domingo, 9 de dezembro de 2007

Poema a uma certa senhora...

I
Há poemas e poemas,
Poetas e poetastros...
Ninguém quero enganar
em três tempos vou deixar
a Poesia de rastos

II
Mas não quero, mesmo assim,
deixar a data escapar
não sou poeta? É pena
pois gostava, num poema,
este dia festejar

III
Fazer vinte, ou trinta anos
não é nada de espantar,
mas é só para alguns apenas
fazer mais umas dezenas
e aos noventa chegar

IV
Dizia João de Deus
numa linda poesia,
fazer anos, mas que tolo,
é de gente sem miolo,
é burrice, é teimosia

V
Não é verdade afinal,
nem estava certo o João
pois não é qualquer pessoa,
nem é de maneira à toa
que se chega a noventão

VI
Esta vida é um caminho
bem difícil de trilhar
fazê-lo sem tropeções,
apesar dos encontrões,
é caso para festejar

VII
Certo é que preço tem
uma tão linda idade:
são as pernas, são as costas,
mas é assim que se mostra
toda a força de vontade

VIII
Devagar, devagarinho,
se Deus quiser há-de ser...
É o lema da Ofèlinha!
Toca a sua campainha
e tudo à mão lhe vai ter

IX
Passa o tempo a fazer planos,
danadinha para jogar:
Totoloto, Casa Cheia,
até o Buda chateia
p'ra sorte fazer virar

X
E já tem as contas feitas
para quando o prémio chegar
é para este, é para aquele,
ninguém vai ficar sem "ele"
toda a gente vai ganhar

XI
Se isto é um julgamento,
a sentença eu vou ler:
Já que está habituada,
é desde já condenada
a continuar a viver

XII
Aos jurados, um apelo,
certo que vão apoiar:
Estarmos todos reunidos,
alegres e divertidos,
quando aos cem anos chegar

(Do meu pai para a minha avó, no dia dos seus 90 anos)

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