quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Epílogo...

Último dia do ano.
Lá fora o tempo está farrusco, convida ao recolhimento.
Cá dentro, de mim, sinto-me triste com duas notícias chegadas hoje, duas mulheres que conheço têm cancro de mama, uma delas, uma querida amiga minha.
Instintivamente levo a mão aos meus seios em busca de algo anormal. Penso nos adiamentos sucessivos da mamografia e faço a promessa a mim mesma que em Janeiro marco.
Fico a pensar nelas e na angústia que sentem neste último dia do ano, em que o ambiente é de festas e euforia na esperança de um ano melhor.
Fico a pensar na importância dos outros na nossa vida, não de “outros” quaisquer ou de circunstância, mas de “outros” significativos para nós.
O meu desejo é que ninguém esteja sozinho quando uma notícia destas chegue, que tenha com quem dividir a angústia de uma sentença que compromete a vida e a nossa feminilidade.
Que perante uma notícia destas continuem as mulheres a ter quem as beije, toque e abrace.
Também podemos “alimentar” o ecoponto para que mais uma unidade móvel para o despiste do cancro da mama, salve mais mulheres.
E... claro, marcar a nossa Mamografia.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal...

Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos
Sob o rumor das folhas inspiradas

A perfeição nasce do eco dos teus passos
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas

A história da noite é o gesto dos teus braços
O ardor do vento a tua juventude
E o teu andar é a beleza das estradas

Sophia de Mello Breyner

domingo, 21 de dezembro de 2008

Hoje apetece-me citar...

"As duas doenças mais graves do mundo são a Intolerância e a Indiferença"

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

De longe, somos todos normais...


Não tenho grande vontade de comentar o que se vai passando neste cantinho à beira mar plantado, apesar de não andar de olhos fechados.
A crise e as políticas que temos deprimem-me, a solidariedade, apenas porque se aproxima o Natal, faz-me azia.
Apetece-me aqui registar outros “Apontamentos” que me quebrem a rotina.
Apenas uma “Nota Solta”, para reflectir.
Porque será que o Governo “dá” 60 milhões de euros para "salvar" um banco que apenas tem a finalidade de gerir fortunas e não “arranja” uns “trocos” para comprar o espólio do Fernando Pessoa?
Tantas notas soltas que andam por aí!
“De longe, somos todos normais”!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Desabafo...

Dezembro começou há poucas horas e eu já estou em stress, com tudo aquilo que tenho para fazer este mês...

E depois há o Natal e tal...

Hoje, Dia da Restauração da Independência Nacional e eu, cada vez menos independente...

Ufa!

(sinto-me melhor agora)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dias felizes...

A lista que faz feliz, os dias de uma criança de hoje.
Perguntei ingenuamente:
- Então e os livros?
Recebi um olhar surpreendido e uma careta de nariz torcido que não deixou margem para dúvidas.

Estamos no século XXI...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Tempos difíceis...

Nas escolas, a energia vai-se esvaindo por todos os nossos poros, a cada toque de campainha, a cada conversa trocada, a cada tarefa cumprida, a cada intervalo que não repõe forças.
Perde-se o bom clima que sempre nos caracterizou, dissipando-se entre lágrimas, risos nervosos, encolheres de ombros, suspiros profundos, falsas indiferenças e normalidade forçada.
A solidariedade já não tem apenas um significado, passou a ter nuances.
As escadas erguem-se à minha frente como paredes de escalada.
Até as árvores mais antigas foram derrubadas e já não as vejo da minha janela.
Lá muito ao longe o mar, inderrubável, umas vezes calmo outras vezes revolto, mas sempre lá, como que a ensinar-nos uma lição.
Fecho o armário, a porta, desço as escadas, entro no carro.
Um dia frio e solarengo... sem sentido!
Estamos todos MALFERIDOS!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

No seu dia...


No alto mar
A luz escorre
Lisa sobre a água.
Planície infinita
Que ninguém habita.

O Sol brilha enorme
Sem que ninguém forme
Gestos na sua luz.

Livre e verde a água ondula
Graça que não modula
O sonho de ninguém.

São claros e vastos os espaços
Onde baloiça o vento
E ninguém nunca de delícia ou de tormento
Abriu neles os seus braços.

Sophia de Mello Breyner

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Curiosidades linguísticas...


MALFERIDO - adj. Ferido gravemente

APROPINQUAR - v. tr. Aproximar

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Não conseguiria escrever melhor o que sinto...

Tropecei, num dos blogues (http://ana-de-amsterdam.blogspot.com/) que leio frequentemente, nesta pérola, sobre as novas políticas educativas, para que as estatísticas da educação nos sejam mais favoráveis (digo eu claro).

E mais não digo, porque perante tais palavras, não é necessário!

Já me levantei mais entusiasmada para enfrentar o meu dia de trabalho.
Hoje, duas jovens entraram a medo no meu gabinete, uma africana e uma moldava, uma avançou e disse num sorriso tímido: "A senhora parece muito simpática e nós precisamos muito de ajuda".
O que resta do meu entusiasmo é por elas.

domingo, 26 de outubro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Outono...


Não me tem apetecido sentir.
Não me tem apetecido registar.
Não me tem apetecido conversar.

Aprender... vou aprendendo!

Este é um tempo que não é o meu tempo.
Muxy, até os sapatos já são outros.
Apenas o cheiro a terra molhada é inigualável...

“(...)
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha.”
Ruy Belo

Acordarei...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Antó(nimo)...


Sou de outras coisas
pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro
e sou amante da profunda liberdade
sou parte inteira de uma vida vagabunda
sou evadido da tristeza e da ansiedade

Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega

Sou das pessoas que me querem e que eu amo
vivo com elas por saber quanto lhes quero
a minha casa é uma ilha é uma pedra
que me entregaram num abraço tão sincero

Sou doutras coisas
sou de pensar que a grandeza está no homem
porque é o homem o mais lindo continente
tanto me faz que a terra seja longa ou curta
tranco-me aqui por ser humano e por ser gente

Sou doutras coisas
sou de entender a dor alheia que é a minha
sou de quem parte com a mágoa de quem fica
mas também sou de querer sonhar o novo dia

Fernando Tordo

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Evidências...

(...)

Não nos esquecemos de nada

Não nos esquecemos mesmo de nada

Habituamo-nos

Apenas

(...)

Jacques Brel

(tradução livre)

domingo, 28 de setembro de 2008

Leituras...


O que gostei neste livro?
Da forma como está escrito, objectivo, factual, com alguma frieza até.
Gostei de saber que também temos um CSI português.
Fiquei fascinada com os meios técnicos e humanos da polícia judiciária, com os bastidores de uma investigação.
Fiquei impressionada com a "cooperação" entre os dois países (estou a ser irónica).
Acho que o objectivo do livro, como já disse o seu autor, é claro: reabrir o processo. Fico contente se isso acontecer.
A ética está na ordem do dia. Gonçalo Amaral ao revelar pormenores da investigação violou princípios éticos?
Esta seria uma discussão interessante!
A verdadeira vítima - Maddi

sábado, 27 de setembro de 2008

Paul Newman partiu...


(...)
Há um rosto. Em todas, todas as primeiras páginas.
E o que mais sobressai, o olhar, o olhar mais azul do cinema.
O dia em que passa a viver apenas, nos filmes e na memória.
O seu olhar, por si só, era um rasgo distintivo deste pássaro da eterna juventude.
Muito mais que uma grande estrela.
Estimável renegado, uma espantosa figura de animal humano, com candura e cujo magnetismo era quase impossível resistir.
Era uma estrela com um coração imenso.
Deu milhões de dólares a associações de solidariedade.
Viveu sob os focos, nas nunca se deixou deslumbrar.
Foi elegante e discreto até morrer.
Um combatente contra a guerra do Vietname, um lutador pelos direitos civis na América e no mundo.
Fez bem, tudo o que fez.
Grande em tudo, como actor, como realizador, como marido, como filantropo, como piloto de automóveis, como militante democrata e até mesmo como cozinheiro.
(...)
In Sena Santos – Podcast
- TSF

sábado, 20 de setembro de 2008

Leituras...


Leitora assídua das crónicas de Veríssimo, veio parar-me às mãos o seu primeiro romance há pouco tempo revisto pelo autor. O seu humor, mordaz e inteligente continua a cativar-me.
Mais habituada às suas sátiras brilhantes sobre a “nossa vidinha” fiquei surpreendida favoravelmente com a teia deste romance, duas histórias paralelas bem arquitectadas da vida de um escritor de segunda categoria e dos seus personagens.
E mais não digo!
Um livro que me proporcionou algumas horas bem passadas e me ensinou mais sobre a arte de bem escrever.
Sem ter a ver com o tema do livro, mas porque ainda estou “mexida” pelo documentário que acabei de ver ontem “Ónibus 174” de José Padilha realizador de “Cidade de Deus”, penso nesse país que me toca o coração.
Brasil, país de contrastes.
Luís Fernando Veríssimo e Sandro do Nascimento, filhos de um mesmo chão!
Há dias foi descoberto mais petróleo no Brasil.
Um país lindíssimo, cheio de riquezas naturais que continua “viajando na maionese” no que toca aos seus meninos de rua.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Parabéns...


"Na categoria Homens, Gonçalo Xavier, actual campeão Nacional de 2ª categoria, chegou, viu e venceu com duas boas voltas de golfe, 77 e 74 respectivamente, para um total de 151 pancadas Gross." In Revista ACP, pp 54


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sofremos de curiosidade mórbida...

É apenas um desabafo, de quem chegou a casa tarde, exausta, sentou-se no sofá, pegou no comando para se distrair e não pensar em mais nada até chegar o João Pestana.
Entra-me pela casa dentro (porque eu deixo) um homem a quem fazem perguntas à frente da mulher, da mãe e dos filhos. Pelo meio há um polígrafo.
Fico incrédula (não estou a fazer juízos de valor).
Mais uma grande produção da Teresa Guilherme que lá deve saber de audiências.
"A Verdade Compensa"
Já seduziu a mulher de um amigo seu?
Resposta: sim

Anda com muito dinheiro na carteira para mostrar que tem muito dinheiro?
Resposta: Sim, nunca ando com menos de 400 euros em notas na carteira.

Tem orgulho no seu filho?
Resposta: não

Já aumentou o peso da balança para que um produto pese mais e levar mais dinheiro aos seus clientes?
Resposta: Sim

Queria ter um pénis maior?
Resposta: sim, até queria ter dois, agora o país vai achar que eu sou deficiente (como se já não achasse).

Alguma vez bateu na sua mulher?
Depois de grande burburinho entre as mulheres da família, a filha não o deixou responder (há felizmente essa possibilidade no programa).
Mas a mulher, que podia ter ficado calada, diz: há dias e dias, é melhor não falar nisso.
Ao que recebe um conselho sábio da Teresa Guilherme: "se por acaso isso acontecer, deve falar sobre isso com o seu marido".


Aceitaria 250 mil euros para ter relações homosexuais?
Resposta: sim, por 250 mil euros "aviava" dois.

Um programa português!

Um artista português!

Palavras para quê!
Desliguei a TV e concentrei-me no meu "Jardim do Diabo"...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

domingo, 31 de agosto de 2008

Ao Marcelo...

OS AMIGOS
Voltar ali onde
A verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta e impetuosa
Juventude antiga -
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão

Sophia de Mello Breyner
* a foto é da Luzinhas especiais

sábado, 30 de agosto de 2008

Um sentir "livre"...


Tenho uma coisa para te entregar
uma pedra a pôr no chão da rua,
uma luar presença sob o sol.

Tenho uma coisa para te devolver,
para ficar minha sendo tua,
aquecida no tempo e nestes olhos.

Tenho uma coisa que eu te posso dar
que é o vento a vir atrás do verde
e a dizer azul no teu cabelo.

Pedro Támen

Love Is A Losing Game...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A melhor juventude...

Um filme de Marco Tullio Giordana, italiano, claro, como gosto deles. Um filme que me preencheu que me emocionou que me fez pensar no pouco que saímos do nosso pequeno mundo.
Um filme que repassa a história de uma família e de Itália de 1966 a 2003.
A não perder e não fiquem assustados com as 6 horas de duração, sabem a pouco e ficamos a querer saber mais daquela família.
Um filme que nos torna uns verdadeiros voyeuristas das emoções, das alegrias, do luto, das tristezas, das causas sociais, da corrupção, das opções e caminhos de uma família que por vezes marcam o respectivo Destino.
Trata até a doença mental como eu acredito nela, de frente, sem preconceito, combatendo a exclusão, aceitando a diferença, identificando novos códigos de comunicação.
A não perder e não é porque foi prémio em Cannes 2003.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

20 anos...


Foram dias agitados.
Naquele dia o telefone tocou a horas impróprias fazendo temer o pior.
A casa ficou alvoraçada, pulámos todos da cama e à pressa vestimos qualquer coisa. O meu pai e a minha avó avançaram rumo à Rua do Carmo, eu fui depois com o resto da família. A loja da minha avó foi poupada às chamas, mas ficou inundada pelas águas que fizeram da rua uma cascata. A mercadoria inutilizada, milhares de prejuízo que comparado com o que ali se viveu, foi NADA.
Também se viveram dias de entreajuda e solidariedade, entre todas aquelas pessoas que lutaram contra as chamas, preservaram vidas e bens.
Durante semanas a vida lá por casa ficou suspensa, mas a pouco e pouco lá recomeçou e a loja renasceu mais 5 anos, altura em que a minha avó se decidiu reformar aos 89 anos.
Em muitas casas a vida nunca mais terá sido a mesma!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Leituras de Verão...



Um excelente policial, que nos faz infiltrar na sociedade espanhola na transição para a democracia e viver dentro do partido comunista a desvendar um crime de um dos seus dirigentes. Acompanha-nos o detective Pepe Carvalho, só por si a maior atracção deste livro, goste-se ou não se goste dele, é único, pela mão de Montalbán. Pepe agradará mais ao público masculino que feminino, para mim tem o péssimo hábito de queimar livros, não me parece ser muito atraente e pelos seus hábitos gastronómicos o seu porte não deve ser nada atlético. Não me parece ser muito selecto nas suas companhias femininas o que contrasta com a selecção que faz à mesa.
Esta é a minha segunda incursão por Montalbán que tarde o conheci, mas agradeço a quem mo apresentou. O primeiro livro que li dele foi “Os alegres rapazes de Atzavara” que achei brilhante, na trama e nos personagens bem construídos. Dois livros muito diferentes mas muito bem escritos que se lêem de um fôlego.
Voltarei a Pepe Carvalho que tem algo que me seduz apesar de ser um anti-herói, pouco educado.
Um homem que sabe cozinhar, sabe apreciar e distinguir os ingredientes de uma iguaria e que acima de tudo não vacila perante uma carta de vinhos e escolhe sempre o néctar perfeito para saborear em cada momento, merece várias oportunidades!
Montalbán uma referência!

sábado, 2 de agosto de 2008

Tudo tem um fim...

Mais um ícone do meu passado que certamente desaparecerá.

Há muito tempo que não passa de um aconchego, cada vez que passo por aquela casa. Um lugar quentinho nas minhas memórias, lembranças de brincadeiras de irmã e primos, correrias pelas escadarias, assaltos aos doces na cozinha, histórias inventadas na casa das bonecas, casamentos e baptizados imaginados na capela, horas perdidas a abrir as caixas de onde saiam chapéus e vestidos de baile, espalhadas pelo sótão, no meio de teias de aranha. Histórias de príncipes e princesas, piratas e duendes vividas naquele jardim. Aventuras retiradas dos livros dos “Cinco”. O canteiro dos meus girassóis!
Lembranças...
O polícia à porta, parecia guardar as minhas memórias.
Estava lá, a velha casa, mesmo que apenas a visse enquanto o sinal vermelho me obrigava a parar, parecendo dizer “ainda existo para ti, vês?”

Hoje li a notícia, o destino parece incerto.
Um pouco da minha Lisboa morre, se ali nascer um arranha-céus envidraçado de um qualquer arquitecto importado.
Afinal tudo tem um fim...

Mais aqui.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

quarta-feira, 23 de julho de 2008

É hoje...

Rumo à Liberdade!
(temporária)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Quase livre...



FÉRIAS - aquela palavra mágica

domingo, 13 de julho de 2008

Um recanto cheio de encantos...


Um dia passado no Reino dos sabores e dos sentires.
Um casal especial também pela arte de bem receber, de acolher com prazer.
As iguarias preparadas com carinho e com requinte.
Um lugar especial construído vagarosamente, co
mo o são, todos os lugares que queremos únicos que nos dizem muito e saem de dentro de nós.
Cada recanto tem um propósito, um afecto, uma forma de
se estar nele e conversar. Gostei de me sentar debaixo do pinheiro, senti tranquilidade, senti amor, as conversas afectuosas a brindar um tempo bom.
Gostei de olhar para as árvores de fruta, plantadas uma a uma. Gostei em especial de uma, com folhas cor de vinho, alta, esguia, diferente e imponente, como que a desafiar as outras.
Gostei do cantinho do “lago”, um bom lugar para meditar, apesar da cobra que dizem morar por lá.

Um dia bem passado entre amigos bons, num chão construído por mãos que têm uma história feita de passado mas que avança rumo ao futuro, onde me sen
ti bem.
Há dias comentava com um amigo que sentia que não deixava "rasto".
Era talvez de um lugar assim de que falava.

Uma construção num tempo.
Um sonho feito de terra, verde e tijolo.

Por lá deixei a crescer com carinho uma begónia vermelha...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Missiva...


Hoje, senti o vento, o sol no rosto, o tempo marcado em mim.
Corri pela areia, molhei os pés no mar salgado, apanhei conchas, sem sair de casa.
Senti a tua mão na minha como quando eu tinha medo.
Ouvi as tuas palavras serenas, sensatas e sábias que ainda chegam em eco.
Dobrei com cuidado e guardei o teu cheiro na mala verde.
Escrevi o futuro por cima do presente com a tua caneta preta de aparo dourado.
Reparei que já não penso, nem converso, tanto... São muitas as palavras que ficaram esquecidas.
Apeteceu-me sentar à noite no café, olhar rostos expressivos e inventar histórias, enredos, vivências e dar-lhes um final feliz, mas, não sei da chave que abre a porta de casa.
Há males que vêm por bem...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ai Lisboa de tantos encantos, tantos desencantos mostras tu...

A foto é da minha amiga Lena. Lisboa é bela, vista de cima, escondendo pormenores sórdidos, mal cheirosos e degradantes que esta bela cidade onde nasci, alberga também.
Ontem, num fantástico jantar de amigos, conversávamos. Eu a única nascida em Lisboa reconhecia a qualidade de vida de se viver fora dela, mas defendi o encanto de viver numa cidade, ainda calma que oferece cada vez melhores programas culturais e ao acesso de todos, onde tudo se encontra e com o rio aqui tão perto que convida a fins de tarde pacatos e retemperadores da luta diária em que vivemos.
Lembrei-me de uma destas noites ter assistido no largo de São Carlos à orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, saída de dentro de portas tocando maravilhosamente para quem se quis deter ao luar e interromper o destino que levava. Para não falar da Fábrica Braço de Prata, sempre aqui ao lado, a sugerir bons momentos aos meus leitores. Para não falar de muitas outras qualidades da cidade que me viu nascer. Mas não há bela sem senão e "o melhor e o pior do mundo são as pessoas". Não cuidamos do que é nosso, achamos que alguém o vai fazer, que votamos para tratarem da nossa casinha, da nossa rua, do nosso bairro, da nossa vidinha, para que aumentem o nosso dinheirinho ao fim do mês. Olhamos o que não nos agrada, abanamos a cabeça e seguimos em frente. Sou orgulhosa da minha cidade, Lisboa é de facto magnífica, mas basta andarmos por becos e travessas para vermos que não é perfeita. E que fazemos nós?
Agora podemos fazer (sempre pudemos fazer).
Nas minhas navegações pela blogosfera encontrei um site chocante e que foi o mote deste post: lisboa s.o.s.
São despejadas todos os dias fotos, do que de pior tem a minha cidade. Gostei dele e aqui o deixo ao lado, porque tem um link directamente para o e-mail do munícipe da Câmara Municipal de Lisboa.
Usem e abusem.
Não deixem Lisboa degradar-se!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Espero...

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.
Sophia de Mello Breyner

domingo, 29 de junho de 2008

Lisboa...

Esta é a minha Lisboa.
Gosto de a palmilhar com tempo, olhando o que não consigo ver no meu dia-a-dia corrido.
Desta vez fui para os lados do Campo Mártires da Pátria, não ia lá há anos. Fiquei surpreendida com a vida de bairro de um domingo solarengo. Nem me lembrava que havia um jardim com direito a lago, patos, faisões e uma esplanada simpática rodeada de árvores centenárias e repleta de moradores tagarelas e bem dispostos.
E a estátua do Dr. Sousa Martins que protege os enfermos, mesmo ali ao lado, continua imponente convidativa para as pessoas de fé. Um lugar de culto, bem no meio da praça, que impressiona.
Chocou-me a forma como as placas dos votos dos crentes foram literalmente despejadas à volta da estátua que só resulta, num insólito registo fotográfico.
Detenho-me, respiro fundo e reponho energias numa mesa de café a ouvir conversas alheias. Um pardalito atrevido tentou insistentemente partilhar comigo a minha torrada.


Não estando eu muito para aí virada tentou outra abordagem que quase me convenceu.
Mesmo ali ao lado, no nº 37, descobri o Goethe-Institut Portugal. Aventurei-me em dia de jogo Alemanha - Espanha, fui entrando sem ser convidada. Um cartaz à porta prometia um écran gigante e boa cerveja gelada. Desci uma escada escura, segui outros seres irreconhecíveis pelas pinturas de guerra, escondidos por baixo de grandes bandeiras.
Desemboquei num jardim muito bonito e bem cuidado com uma vista peculiar desta Lisboa que começava a escurecer. Lá dentro senti-me na Alemanha numa festa barulhenta de cantares incompreensíveis, regada a cerveja e acompanhada de chucrute, salsichas e salada de batata.
Saí a tempo quando a moral esmoreceu depois do golo da Espanha, não sem antes ter percebido que neste jardim escondido, de 8 a 24 de Julho, há "jazz im Goethe-Garten", às terças e quintas.
As coisas que eu vou descobrindo nesta minha Lisboa!

Imponderáveis...

Na semana passada tropecei numa entrevista, no Expresso, sobre a vida de André Gonçalves Pereira. O traçado de um perfil interessante, de uma personalidade sedutora, com uma existência repleta de vida bem vivida. Detive-me num pormenor, uma citação deste homem de cabelos prateados que se casou depois dos 50 anos: “pela primeira vez, encontrei alguém de quem gostava, que gostava de mim e que queria e podia casar-se comigo”.
Fiquei a pensar na simplicidade de um Momento, de nele acontecer ou não o resto da nossa vida.
A vida dá voltas e ainda me surpreende.
Tenho vindo a aprender com cada jornada, dos últimos anos, que saber viver é saborear o momento, o minuto.
Não adianta planear muito além do dia-a-dia.
Um dia, num Momento, muda o rumo, escrevem-se outras histórias em que entram outras personagens!

domingo, 22 de junho de 2008

Interiores...




Domingo, ressaca de um susto.
Dia quente de Verão lá fora, Sol e muitas coisas para pensar cá dentro.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O segredo de um cuscuz...


Mais um filme fantástico desta temporada. O realizador, Abdellatif Kechiche.
“Slimane é um homem velho e cansado que foi despedido do porto onde trabalha. Encontra um novo objectivo na vida quando decide abrir um restaurante de cuscuz, com a preciosa ajuda da numerosa família. Mas a tão esperada noite de estreia traz muitas surpresas...”
Já lhe chamaram um não-filme. A mim fascinou-me a forma como está filmado, o realismo das personagens com uma interpretação irrepreensível. Apetece-nos entrar nas conversas, dar a nossa opinião, participar no almoço familiar, provar o cuscuz.
E, claro, as relações entre as pessoas, pinceladas com toda a complexidade e originalidade da personalidade, da cultura e vivências de cada um, são o menu principal.
Um retrato de mestre, da luta de quem não tem nada para concretizar um sonho, a braços com a burocracia e burguesia francesa que se poderia passar em Portugal.
Neste filme ganha a criatividade de quem não tem nada a perder, ou já perdeu tudo.
Vale a pena ler, embora longa, a crítica no Público de Vasco Câmara, aqui.

Senti saudades do Cuscuz da minha amiga Patrícia, que é certamente o melhor do mundo.
Obrigada AC pelas dicas sempre tão certeiras e de acordo com a minha sensibilidade.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Missiva...


Hoje apeteceu-me telefonar-te.
Contar-te talvez que hoje foi o primeiro dia do ano em que lavei o meu carro, o segundo e último dia, como te recordarás, será no final do Verão;
Ou, contar-te os meus pequenos dramas;
Ou, que iniciei a limpeza das inutilidades da minha vida;
Ou, que me sinto num corredor onde acabei de fechar uma porta, e poderei estar prestes a abrir outra;
Ou, que tenho saudades;
Ou, outra coisa qualquer...

Depois lembrei-me que há muito mais de um ano que não estás em casa...
Que talvez até te tenhas esquecido do meu nome!

domingo, 15 de junho de 2008

Escapadela a Odemira...






















(Sim! é o Mário Laginha)