quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do Pai...



Hoje é um dia diferente!
Hoje tenho o meu pai comigo, não só no meu coração.
Os nossos Pais deveriam ser sempre únicos.
Os meus Pais são únicos.
O meu Pai é único.

Hoje, não pude deixar de pensar na Maria.
Pensei nas Marias deste país.
Quando hoje a Maria chegar a casa, pode ser que não tenha o “pai” empunhando o cabo da vassoura, a marcar este dia. Ou pode ser que tenha...
O que sentirá ela se tiver que comemorar o Dia do Pai?
No meu dia a dia, são os casos de maus tratos, os mais difíceis, os que mais me arrasam profissionalmente. Fico pouco tolerante, tenho tendência a esquecer-me da velha máxima académica de que “o agressor também foi vítima”.

Porque hoje é “Dia do Pai” e ainda estou muito “mexida” pela Maria, lembrei-me do meu primeiro caso: Uma criança de 6 anos espancada pelo “pai”, por um qualquer motivo fútil.
Uma coisa é ler nos livros, estudar formas de intervenção, lidar com agressor e agredido, avançar para a denúncia e negociação com a família, tudo explicado em letra de forma e com as partes fundamentais sublinhadas. Outra é ver o corpo de uma criança marcado e ouvir os pais que invariavelmente alegam supostas quedas para explicar as marcas que falam por si.
Eu, uma jovem profissional com pouca experiência, aguentei-me como pude, seguindo as regras frias do manual, que ensina tudo, menos a lidar com a paleta de cores pelas quais passam os nossos sentimentos numa situação como esta.

Lembro-me que quando cheguei ao carro trazia o mundo em cima dos ombros, a alma doída e desabei num choro incontrolável.
Senti necessidade de ligar ao meu Pai e de lhe transmitir como eu me sentia afortunada por tê-lo como Pai.
Do outro lado, a disponibilidade incondicional de sempre, a voz baixa, contentora, serena que até hoje me tranquiliza.
“Também é muito bom ter uma filha como tu”. Nunca me esquecerei desse dia.

Hoje, muitos sentirão saudades e celebrarão lembranças, vivências, momentos especiais. Outros quererão esquecer-se que algum dia tiveram um pai.

Meu Pai, obrigada!
Obrigada por tudo o que me foi passando ao longo da minha vida.
É muito bom ser sua filha.
(a foto - bailarina feita pelo meu Pai para mim)

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