quarta-feira, 13 de outubro de 2010

(Antó)nimo...

De vez em quando ainda entro no café.
Entro naquele espaço... mas não naquele tempo.
Sento-me na mesa do canto, peço a minha bica e olho ao meu redor.
O empregado ainda me reconhece, trocamos frases cúmplices:
- Hoje não há livros perdidos, nem sonhos abandonados, nem encontros desencontrados - diz-me a sorrir - até o "Manual de instruções para lidar com o insólito" já o vieram buscar.
- E o carteiro? - pergunto eu.
- Já quase não vem - respondeu o empregado com uma ponta de nostalgia na voz - Agora é que ninguém escreve. Ainda havia um cliente que de vez em quando enviava uma mensagem, um pedido, um desejo ou um convite. Mas mesmo esse, já nunca vem sozinho!
- Hum!
Volto ao meu café, fico a olhar para o empregado que se afasta, pego no pacote de açúcar, que ainda é Nicola:
Esboço um sorriso.
Ainda tenho o hábito de olhar as mesas de café e inventar histórias para os seus ocupantes.
Ainda gosto de conversas tranquilas.
Ainda gosto de flores.
Ainda ando sempre com um livro.
Mas... Já não penso no Futuro!
"... o futuro está aqui mesmo, estamos sempre a tropeçar nele, cada vez mais o futuro se aproxima do presente... o presente é volátil, simples passagem entre o que fica e o que está sempre a chegar..."
Levanto-me, serpenteio-me por entre as mesas como outrora, mas sem fixar nenhum olhar.

Há um sentido que me apetece apontar.
À descoberta... sempre!
"...No matter what the future brings..."

2 comentários:

Anónimo disse...

...Café Aroeira... que saudade! Estará aí a explicação para tão bom astral?
Viajo na saudade de Praga e torço por um outro Café Aroeira :) e muitas viagens!
Tudo de BOM...

Teka disse...

Querida amiga!

Brindemos também às "nossas" viagens que também nos têm dado muito prazer.