quinta-feira, 15 de novembro de 2007

II Grupo de Encontro... o primeiro...


Inscrevi-me a medo, sem saber o que iria encontrar. O panfleto que tinha à frente em nada me esclarecia. Reunião comunitária, reunião de grande grupo, reunião de pequeno grupo eram termos que não me diziam nada. Afinal qual seria o tema?
O facto de ficar “fechada” durante 3 dias com pessoas que nunca tinha visto assustava-me. Por outro lado era um desafio que me atraía. Saber até onde eu poderia ir, pôr-me à prova perante uma situação nova, fez-me pegar na mala e “embarcar” de olhos vendados, numa viagem cujo destino eu desconhecia.
Os primeiros minutos foram desconfortáveis, toda a azáfama da chegada de pessoas incógnitas que na sua maioria se conheciam entre si, a distribuição dos quartos, a perspectiva de adormecer e acordar no quarto com uma pessoa desconhecida para mim, não contribuíram em nada para a minha convicção de querer ser uma “Rogeriana” um dia.
O primeiro momento foi assustador, setenta pessoas todas sentadas à volta de uma sala, numa roda fria e silenciosa, onde só intervinha quem queria, numa liberdade, para mim, incómoda. No final da primeira reunião alguém dizia que no último dia seriamos um grupo, coisa que me pareceu impossível.
Fui percebendo ao longo dos dias, dos vários momentos e das sessões que o grupo seria o que quiséssemos fazer dele, deixando-me também numa posição pouco confortável, uma vez que sentia, como membro do grupo, alguma responsabilidade de o levar a bom porto, ou pelo menos ter um papel activo. A pouco e pouco, também me apercebi que era aceite quer interviesse ou não, quer emitisse uma opinião ou fizesse um desabafo. A partir do momento em que me senti aceite, estranhamente, as ideias e os sentimentos fluíam em catadupa com uma urgência inexplicável. Quase não intervim mas senti-me confortável na minha introspecção acompanhada. Ao longo dos dias senti-me irritada com alguns elementos, empática com outros, as lágrimas saltaram dos meus olhos, ri, passei por todas as tonalidades dos meus sentimentos.
Na última sessão fiz um balanço dos dias. Curiosamente não me tinha sentido só, apesar de não conhecer ninguém, não tinha feito diferença o facto de ter dormido com uma estranha, convivi, conversei e diverti-me com as setenta pessoas e acima de tudo agora elas não eram caras incógnitas mas sim rostos com personalidade própria unidas por um sentimento de empatia e um percurso conjunto. Tinha sido uma experiência única.
Ao pegar no carro para regressar a Lisboa não percebi logo o que tinha mudado em mim, mas senti uma paz interior, uma vontade de mudar o mundo, uma força que vinha de dentro.
Mal eu sabia que no dia seguinte toda essa força iria ser necessária para enfrentar uma partida que a vida me iria pregar...
E foi assim que me tornei uma "Rogeriana" convicta, experienciando na pele as técnicas da Terapia Centrada no Cliente/Abordagem Centrada na Pessoa que venho estudando e aperfeiçoando na minha prática profissional ao longo dos últimos anos.

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