Confesso que durante uns tempos ficou adormecido na prateleira dos livros em lista de espera. Numa tarde chuvosa dei-lhe uma oportunidade.
“Vazio Infinito”, um livro premiado escrito em 1974, por Philip K. Dick, autor de “Blade Runner – Perigo Iminente” adaptado ao cinema que exibe um Harrison Ford sem rugas.
Foi a primeira vez que mergulhei na leitura de um livro de ficção científica. O exercício é interessante. As pessoas, não são bem pessoas mas versões, seis e sete. Os quibble são carros voadores, os estudantes vivem debaixo do solo e são vistos como criminosos, acabando os seus dias nos campos de trabalhos forçados quando caiem nas malhas policiais ou implantam-lhes micro transmissores para recolher informações do submundo. Num mundo do futuro, as músicas estão guardadas em vinil ou numa vídeo cassete e as siglas CD e DVD desconhecidas. As fotografias dos documentos de identificação e as televisões, são 3D.
O tema cativa, um artista televisivo com trinta milhões de espectadores e admiradores, bem na vida, acorda um dia e descobre que não tem identidade, não existe na sociedade em que vive. Resta-lhe um fato de seda feito por medida (um dos dez no mundo inteiro), cinco mil dólares no bolso amarrotado e o novo estatuto de homem invisível.
Quando cheguei à última página fechei o livro e magiquei: só existimos na medida em que os outros que amamos e nos amam existem, privados das nossas referências lutamos activamente para as reencontrar, reencontrando-nos.
Gostei.
2 comentários:
Solidão
Azar
Utopia
Desejo
Amargura
Dia-à-dia
Esperança
SOL
Palavras...
Belas, sábias, tristes...
Com um sentido...
SAUDADES... de?
Ter amigos, é não fazer perguntas!
Foi bom ler-te.
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