quinta-feira, 9 de julho de 2009

Missiva

AS MÃOS

Margens derivam. Lisura
das mãos, não rígidas. Rectas.
Nem açude: a que submetas,
torrencial, a ternura.
Murmulho. Espuma: fervente
caudal! Paralelamente,
ternas, derivam. E as horas
nas palmas brancas esquivo.
Ah, mãos? Nunca agarradoras
do coração fugitivo.

Jorge Amorim

(de A Beleza e as Lágrimas, edição do Autor, 1957)

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