quinta-feira, 19 de julho de 2007

O Café Aroeira... II

ELE (de novo)
"- Por favor entregue-me o livro para poder devolve-lo.
Só após alguns segundos percebi o que se passava. O empregado do Café Aroeira estava ao meu lado.
- Tem toda a razão! De facto o livro não é meu. Tive curiosidade.
- Neste café todos os clientes são curiosos.
- A curiosidade alimenta o desejo. Diz-me o que estás a ler e dir-te-ei quem és!
- O ditado popular não é bem assim. É mais do tipo: “Diz-me com quem andas...”
- E essa sua Cliente não regressará para vir buscar o livro?
- Queria que ela voltasse?
- ...
- A propósito do livro, sabe que temos muitos objectos esquecidos neste café?
- “Perdidos e achados”
- Uma espécie disso.
- Também tem Ideias Perdidas? Encontros Desencontrados? Desejos Recalcados? Sonhos Abandonados?
- Há de tudo mas o que mais me intrigou foi um “Manual de instruções para lidar com o insólito”
- Não percebo...
- Dou vários exemplos: “O que fazer se chegar a casa e a no local da mesma encontrar o homem da sua vida, protesta pela falta do lar querido lar?” Ou “cheguei ao emprego, os meus colegas não me conhecem mas sou aceite como fosse um deles. Quem serei?”
- Interessante. Há mais exemplos?
- Muitos. “Escrevo num blogue, mas as palavras desaparecem” ou “No meu blogue há quem leia o que eu não escrevo”.
- Essas interessam-me. Posso convidar-lhe que se sente à minha mesa?
- Terei muito prazer.
E sentou-se afastando o meu copo, já vazio.
- Diga-me, guardador de histórias insólitas, onde existe um “caminho povoado de sentimentos, emoções, afectividades e partilha”?
Não houve tempo para resposta pois um ruído vindo da porta do café indiciava que alguém estava a entrar."
“Pela flor pelo vento pelo fogo
Pela estrela da noite tão límpida e serena
Pela nácar do tempo pelo cipreste agudo
Pelo amor sem ironia – por tudo
Que atentamente esperamos
Reconheci a tua presença incerta
Tua presença fantástica e liberta.”
Sophia

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